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Gledson Meira realiza trabalho pioneiro no ensino formal de bateria na Paraíba

O professor de percussão e bateria do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) Gledson Meira (Odery Drums, Baquetas Liverpool e Studio Musical), que recentemente esteve participando do 2º Dia Percussivo, realizado na Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura & Artes (João Pessoa-PB) concedeu entrevista para o Boletim Paraíba Percussiva, falando sobre diversos temas. Na parte didática Gledson também está a frente da coordenação da área de bateria e percussão popular da mais nova escola de música de João Pessoa, a Studio Escola, que será tema de uma próxima matéria.

PP - Como você avalia o momento atual da Bateria em João Pessoa?

GM – Acredito que estamos passando por um bom momento; muita gente tocando legal, com o hábito cada vez maior de estudar, muitos não só o instrumento como também se graduando (apesar de não ser em bateria as graduações), buscando além de tocar, outras opções e abrindo o leque de possibilidades para se viver profissionalmente e dignamente de música e em especial de Bateria.

PP - Como surgiu o interesse em procurar uma formação acadêmica? Qual a importância para o baterista na atualidade?
GM – É como falei anteriormente, as transformações vão acontecendo, e isso é bom; quem antes só pensava em tocar, hoje vê novas possibilidades de encarar a profissão como por exemplo ensinar em instituições formais; isso foi o que me levou a fazer uma graduação e agora uma pós-graduação. Aprendemos muitas coisas na academia, umas interessantes, outras que descordo, mas no final é sempre bom estudar, crescemos e produzimos o conhecimento. Tocamos um instrumento que ainda não tem legitimação junto a academia, porém, sabemos que é um instrumento que possui, assim como os outros, suas especificidades e peculiaridades técnicas que precisam de um olhar mais direcionado a nível de instrução e isso necessita ser entendido pelos gestores das instituições de ensino; a “música popular” está ai há décadas e a bateria presente nos mais variados estilos, mas não temos currículos voltados para o ensino dela nessa esfera de música na academia, o que particularmente acho um grave equívoco; os estudantes buscam na auto-aprendizagem ou na informalidade sua qualificação nesse âmbito.

PP – Sabemos que você é professor de Bateria do IFPB (antigo CEFET), qual a estrutura (Duração, conteúdo, prática, outros) do curso de música? O que é preciso para concorrer a uma vaga?
GM – O curso está nascendo, acabou de abrir os olhos (risos), mas estamos trabalhando forte para que tenhamos um currículo funcional, onde o estudante saia para trabalhar e os exercícios e assuntos que ele está vendo, comecem à ajuda-lo em sua vida musical, seja ela profissional ou não. Temos um curso integrado, que recebe estudantes que cursariam o ensino médio na escola normal digamos assim, e aqui cursam esse currículo das escolas juntamente com o ensino de cadeiras da área de musica e instrumento, e temos o curso subseqüente, que é para estudantes que já tem o segundo grau completo e entram para cursar apenas as cadeiras da área de música e instrumento. Estamos estudando muito para tentarmos montar um currículo que alcance as expectativas do mercado profissional. Sabemos que é difícil, mas estamos tentando, e com fé em Deus iremos conseguir.

PP – Como é acompanhar a dupla Os Nonatos?
GM – Com Os Nonatos faço um trabalho de “side man”, procurando respeitar bem a proposta musical que é de música romântica; é um trabalho que gosto muito, me identifico muito com as letras das músicas e criamos um vínculo muito grande de amizade e respeito, é muito bom trabalhar com eles; além de baterista, faço a direção técnica do show.

PP - Como está seu Kit atualmente?
GM – Uso bumbo de 18 ou 20 (dependendo da situação musical) tom de 10 e surdo de 14, não consigo usar dois tons, apesar de estar em processo de adaptação para isso. Uso rides de 20, 21 e 22 (dependendo da situação musical) crashs de 16 e 17, chinas de 14 e 16 e splashes de 6, 8, 10 e 12; é claro que nunca estou com todos esses pratos juntos (risos) as formações dos kits dependem muito do trabalho. Como trabalho como free-lancer, preciso ter essas opções.

PP – Em 2001, você conquistou o Concurso Nacional de Bateristas, o BATUKA! Analisando agora, o que isso significou para a sua carreira?
GM – Foi por causa do Batuka! que decidi virar realmente músico, quando vi os caras em SP tocando bateria foi que vi que precisaria estudar e muito; além disso, a conquista do concurso alavancou a minha carreira, estive nas revistas, e isso me ajudou a conseguir endorsees de bateria, pratos, baquetas. Isso foi o meu cartão de visitas junto as marcas e ao público. É claro que os estudos nunca pararam e nunca irão parar (risos).

PP – Que dica você daria pra quem está começando a estudar bateria.
GM – O que posso dizer é que você precisa ter calma e respeitar o tempo; as coisas que estiverem nos planos de Deus para acontecer pra você, acontecerão, porém precisa chegar o tempo; o que nos resta à fazer é estudar e se dedicar, acreditar nos planos de Deus e seguir trabalhando; mas volto a dizer, sempre com muita calma e disciplina, essas são as palavras: CALMA, DISCIPLINA, TRABALHO E JESUS.

PP – Ler partitura é essencial?
GM – Acredito que sim; ajuda muito o músico na compreensão da música além de deixá-lo cada vez mais preparado pra enfrentar o mercado profissional que exige isso.

PP – Como está o modelo exclusive Gledson Meira, da Liverpool?
GM – Está muito legal, agora em Hickory, está como sempre sonhei, com uma ponta muito legal que proporciona um rebote rápido, está show, vale a pena conferir e testar, e depois comprar 

PP – Ultimamente temos visto muitas campanhas contra a Ordem dos Músicos do Brasil, muitos músicos querem sua extinção, Você concorda? O que seria necessário para a classe resolver estes problemas?
GM – Já me aborreci muito com esse assunto, a única coisa que gostaria de expor é que os músicos precisam primeiro entender os papéis dos órgãos, confundem muito o papel da OMB com o do sindicato, quem tem que fiscalizar é o sindicato, quem tem que brigar é o sindicato, mas enfim, se querem destruir um órgão que nos legitima, fazer o que né... desse jeito não teremos nunca o respeito da sociedade enquanto profissão, e lembrem-se da velha perguntinha na hora de um cadastro: Você trabalha com o que? – Sou músico... – Não, eu digo, qual a sua profissão?

PP – Como você avalia a atuação produção na área da música aqui na Paraíba? As leis de incentivo (FIC, FMC, BNB, outras) têm funcionado?
GM – Acredito que precisam mudar a lógica e a política de divisão de verbas. Precisam contemplar os projetos de forma qualitativa e não quantitativa; pensar numa forma de divulgar os resultados dos projetos aprovados e não pegar uma porcentagem de cds, livros, dvds, etc., e armazenar em um arquivo da instituição para as traças comerem, assim não funciona. Arte mau feita a sociedade não consome.

PP – Deixe uma mensagem aos nossos leitores.
GM – Que Deus abençoe a todos e que continuemos em busca do som e dos nossos sonhos, é isso que nos motiva, sempre com Jesus a frente de tudo. Fiquem todos com Deus e como sempre digo: Muito som, saúde e sucesso; sempre.

Visite também o MySpace Gledson Meira

Um comentário:

DÁMASO CERRUTI disse...

Gledson, parabéns pela missão que esta tendo, não esqueçamos que muito mais importante que formar operários da musica para o sistema do entretenimento, é formar músicos bateristas.
Com relação a Ordem dos Músicos, legalmente ninguém esta obligado a ser sindicalizado no Brasil, è lei!...Por tanto, fora os fantasmas e os oportunistas. Vc escolhe ser sindicalizado e onde ser sindicalizado.
Pode contar comigo, com minha experiência. Fui criador e primeiro professor do Curso Técnico de Bateria (UEM-Maringà) e sei da luta por enaltecer nosso instrumento, alem de professor do CBM-Rio, de editar o primeiro método de bateria no Brasil etc...bom, muito trabalho, muitas propostas. Dai que sei de sua luta e admiro seu compromisso.
Continua adiante, Deus nos brinda um talento e com ele um compromisso. Nossa resposta è fundamental!
Forte abraço!
Dàmaso Cerruti